Mulheres no esporte
Estive na Pontifícia Universidade Católica (PUC), em São Paulo (SP), na terça-feira (14 de agosto), para um encontro organizado pelo Coletivo Libertas, abordando o tema: mulheres no esporte, que em pleno século XXI é tão polêmico. Afinal qual é o lugar de fala da mulher no esporte?
Compunham a mesa: Selma Felerico, professora com enorme bagagem em marketing esportivo, que citou algumas situações extremamente relevantes de que, pouco a pouco a mulher vem adentrando aos espaços masculinos principalmente quando pensamos no futebol. Outra integrante da mesa que citou fatos e, como psicóloga, também colocou um pouquinho de pulgas atrás das nossas orelhas, foi a professora Juliana Camilo, que retratou fatos de sua vida e trouxe estatísticas discrepantes entre homens e mulheres.
Também compuseram à mesa duas responsáveis pela Atlética de Psicologia da PUC, que relataram a vivência do dia-a-dia de quem pratica atividade e sofre preconceito por ser mulher, por não saber jogar, por sofrer represálias ou qualquer tipo de assédio por parte dos homens, infelizmente! Ainda integrando à mesa, Giulia Bruno, aluna de psicologia da PUC, que tem um canal no YouTube e fala como é a vida de uma torcedora, os percalços encontrados como: um estádio não ter banheiro feminino ou quando volta de algum jogo, pois é perigoso voltar sozinha por não ter segurança em relação ao que pode acontecer com ela. E, Finalizando, estava Roberta Nina que é co-fundadora do Dibradoras, uma plataforma que fala sobre o futebol feminino e, claro vai pincelando em outras modalidades a importância da mulher, suas dificuldades, seus sucessos e relatou fatos atuais como: a interação do futebol masculino em relação ao futebol feminino, quando pensamos em consulta de placar pelas grandes redes sociais e até como elas (ainda) têm que abordar jogadoras em relação a fatos de suas vidas, pois muitas vezes as confederações/federações não possuem esses arquivos pessoais.
Durante essa roda de conversa, pude compartilhar o que percebo e vivo em relação ao basquete, as discrepâncias salariais em relação aos gêneros, a diferença de audiência, transmissões e público, fora o preconceito de quem tenta jogar e é rotulada como “café-com-leite”, aquela que não sabe jogar e só cumpre tabela. Tive a oportunidade de falar algo que acho superimportante, que nós mulheres temos que mudar esse cenário, a partir do momento em que há resistência em permanecer em quadra, seja como jogadora, técnica ou torcedora. Percebo mulheres interessadas no assunto, mas que não frequentam as quadras talvez por hostilidade masculina, como diz meu amigo Carioca ou por não ter essa intenção de perpassar as linhas. Contudo, esse cenário só vai mudar se nós mudarmos o comportamento.
Mulheres não deixem de ir, não deixem de acompanhar os seus parentes/entes/amigos quando vão jogar ou torcer. Não se acomodem nas estatísticas de que mulher não deve ocupar as quadras, já disse muitas vezes que não me sinto feliz em olhar para os lados na quadra e só ver homens em situações que poderiam ter várias mulheres.
Vamos mudar o jogo fazendo o NOSSO jogo e que tenham muitas mulheres inspiradoras que façam esporte feminino valer muito a pena. Porque ele vale.
(*) Sarith Anischa é técnica de basquetebol