Eles jogam futebol e nesse dia foram comemorar, não sabiam o rumo que essa história ia tomar. Estavam despreparados, não imaginavam que teriam que trocar chuteiras por cilindros e alegria por esperança.
Um dia comum se transformou em duas semanas fora de casa, com a roupa do corpo, quase sem alimento, sobrevivendo a lá Siddartha Gautama. Conviveram em bloco (que não era de Carnaval) e que mobilizou o mundo. O time fez com que barreiras geográficas, demográficas e hidrográficas fossem quebradas, perdemos um líder no meio desse caminho, talvez ele tenha indicado a parcimônia necessária para esse tipo de situação. Uma ode à ele, foi um mártir.
Foram três dias de apreensão, de trabalho duro, de cuidado com o ar rarefeito que tinha que ser dividido. Esportistas que tiveram que colocar em prática a real definição de equipe. E fizeram, não elencaram o melhor, não se colocaram à frente, esperaram as indicações do técnico, juntaram forças e venceram!
Quebraram estatísticas, viraram meninos de ferro e renasceram; agora o aniversário será de todos.
Ensinaram que temos que gastar energia com o que é imprescindível, que nosso corpo é controlado por nossa mente e que uma equipe que trabalha em conjunto, pode conseguir coisas impossíveis!
Sou técnica de crianças da mesma idade e não tenho como me esquivar da emoção que essa história causa. Penso em cada carinha, em cada carinho que meus alunos demonstram por mim e nesse momento entendo completamente o treinador, que ficou debilitado, que comeu menos, que gastou quase toda sua energia para que eles continuassem brilhando, fez seu papel. Aparou arestas, ensinou o que sabia, o que podia, foi mais do que um treinador, foi um mestre e acima de tudo, foi um ser humano!
(*) Sarith Anischa é técnica de basquetebol