O especial ‘LBF na Terra da Copa’ segue com a capitã do título do Sampaio Corrêa em 2016. Maior cestinha em média da história da LBF CAIXA, com 19.9 pontos de média em 94 jogos, Iziane Castro é mais uma das jogadoras históricas da competição que também atuou na Rússia, país que recebe a Copa do Mundo.
Aos 22 anos e já com a experiência de duas temporadas na WNBA e vinda do basquete espanhol, Iziane chegou a Ecaterimburgo no segundo semestre de 2004. A cidade, fundada no século 18 e que recebe apenas quatro jogos da fase de grupos da Copa do Mundo, fica na divisa entre a Rússia europeia e asiática e tem hoje pouco menos de 1,5 milhão de habitantes. Há 14 anos, o cenário encontrado por Iziane não era exatamente animador:
“Lembro que fiquei bem impactada como tudo pareceu antigo. Os aviões em que viajávamos, pareciam aquelas militares de carga. Me sentia num filme da segunda guerra mundial”, recorda. O frio russo também foi outro aspecto que marcou: o recorde de menor temperatura enfrentado por ela foi 35 graus abaixo de zero. “Sem dúvidas, prefiro os 35 graus de São Luís (risos)”, brinca a maranhense, diretora técnica do Sampaio Basquete na última LBF CAIXA.
Além de Iziane, o UMMC Ekaterinburg tinha na temporada 2004/2005 nomes de peso como as norte-americanas Teresa Edwards (armadora quatro vezes campeã olímpica – recordista da modalidade) e Yolanda Griffith, pivô dona de duas medalhas de ouro e que tornou-se uma grande amiga de Iziane fora das quadras.
“Foi uma honra (jogar com elas). Eu me lembro delas desde quando assistia Hortência e Paula contra a seleção americana. Elas já eram mais velhas, mas ainda eram grandes jogadoras. Eu jogava muito mais com a Yolanda, por conta da limitação de estrangeiras que poderiam estar em quadra ao mesmo tempo. Mas as duas sempre muito atenciosas comigo em relação a me ensinar. Foi uma época de muito aprendizado. A Yolanda foi uma grande amiga minha. Saíamos o tempo todo juntas, uma convivência fora de quadra muito legal”, diz.
A raposa dos Urais, apelido da equipe, faturou o título da Copa da Rússia naquele ano. Na Liga Russa, foi terceira colocada, caindo nas semifinais para o Dínamo Moscou (na série pelo terceiro lugar, ainda venceria o Spartacus, de Noginsk).
Iziane voltaria a jogar no país quatro anos mais tarde, em 2008, para defender desta vez o Spartak Moscow Region. Na capital, jogou com a ala-pivô croata Vedrana Grgin (que atuou no Brasil) e reencontrou a australiana Lauren Jackson, com quem já havia jogado nos Estados Unidos, pelo Seattle Storm.”Moscou já é bem melhor. Mais moderna, de muito turismo; tudo lá é muito lindo”, relembra.
Mas Iziane não ficaria até o fim da temporada – ela retornaria à WNBA, para jogar pelo Atlanta Dream. No entanto, participou da primeira fase da campanha que garantiu o bicampeonato russo ao Spartak, que venceu 21 de 22 jogos da primeira fase e derrotou na grande final o rival CSKA por 3 a 1.
A ala também aproveitou as duas passagens pelo maior país do mundo para ‘turistar’. Em Ecaterimburgo, esteve na Igreja do Sangue, então recém-inaugurada e que havia sido construída no mesmo local da Casa Ipatiev, onde o último monarca russo, o Czar Nicolau II, e sua família foram assassinados por bolcheviques em 1918, após a Revolução Russa. Em Moscou, passagens obrigatórias pela Praça Vermelha, o Kremlin e o mausoléu do ex-líder soviético Lênin. “Eu também adorava o circo. Ia toda vez que trocava o show”, recorda.
Para a ex-jogadora, a Rússia não foi das suas melhores experiências, mas apesar disso, sempre foi reconhecida no meio esportivo. “Viver na Rússia é bem ruim, não vou mentir. Mas eu era muito bem tratada entre dirigentes e atletas. Tinha uma tradutora. Adorava meu motorista, o Pavel, muito prestativo. Tratada como rainha mesmo”, finaliza Iziane.