por Marcel de Souza
The Killer: Eu tive o prazer de ter dado a Ricardinho Fisher a sua primeira oportunidade de jogar em alto nível. Aconteceu no projeto GR BARUERI, quando tivemos uma equipe que disputou o campeonato paulista e a gente revezava atletas do adulto com os da equipe sub-19.
O sub-19 de Ricardinho venceu o campeonato da categoria de maneira invicta.
O projeto ia bem até demitirem o secretário de esportes, meu amigo Calil e mais uma vez ceifarem nossos sonhos de um basquete visto com os outros olhos.
Ricardinho, The Killer, já se destacava e partiu dalí para São José dos Campos e depois Bauru, onde agora domina a posição como ninguém.
Eu, no entanto, continuo sonhando com esse basquete visto com outros olhos, que é ceifado toda a vez que temos algum sucesso. De qualquer maneira, desejo ao Ricardo Fisher, que seguramente será um dos melhores armadores que o Brasil terá, sucesso na sua recuperação e que ele volte mais forte ainda na condução do Bauru e do nosso basquete.
AMAZING GRACE
Eu tenho muito amor ao basquete e lhe sou muito grato por tudo o que ele me deu.
Uma das coisas que lhe sou mais agradecido é a experiência que ele me proporcionou para que eu tocasse minha vida, enfrentando desafios e fracassos e não me glorificando mais do que o necessário dos sucessos obtidos.
Sim, porque tanto no basquete como na vida os sucessos e os fracassos são passageiros e saber enfrentá-los com segurança e tranquilidade, sem desequilíbrios, é mais importante do que eles (sucesso e fracasso) próprios.
Se você, por exemplo, arremessar 5 bolas de três e errá-las todas, isso não lhe deverá influenciar no próximo arremesso. O que você tem que ver é como errou e corrigir para o próximo arremesso.
Não arremessar não é uma opção.
O mesmo acontece quando acertar 5 bolas de três em sequência. Não vá achando que o sexto arremesso irá cair também. É preciso saber no que acertou e repetir.
Não arremessar toda e qualquer bola também não é uma opção.
Na vida é a mesma coisa. Embora os fracassos e os sucessos aconteçam para todos, a maneira como os enfrentamos é que muda de pessoa para pessoa.
Deixar de vivê-los não é uma opção.
I WAS BLIND BUT NOW I SEE
A gente vê o jogo e não enxerga o que realmente acontece.
Treinar uma equipe e levá-la a um jogo é muito mais complicado do que parece.
Jogar o jogo também não é para todos que estão dentro da quadra. Existem tantas coisas envolvidas, que o conhecimento do jogo parece ocupar um lugar secundário em todo o processo. Conhecer o jogo não significa imitar algum jogador ou treinador.
Também não significa copiar e colar uma jogada ou uma defesa feita por esse ou aquele time.
O conhecimento do jogo passa por transformar o que se vê naquilo em que se acredita.
É complicado e por isso renegado a um segundo plano, pois é melhor apenas copiar e colar o que acontece por aí e passar isso como “conhecimento”, do que visualizar dentro de si uma maneira de jogar que se adapte ao que realmente somos e acreditamos.
Esse é um processo demorado que só acontece aos grandes jogadores e treinadores, que correm o risco de serem desafiados por outros de menor importância técnica, mas com maior poder no processo.
É claro que o exercício pleno do jogo e seu conhecimento passa por fatores que não estão dentro da quadra, mas reduzí-los a um segundo plano é danoso ao sistema.
Não se pode esquecer que o motor de tudo é o jogo em si e seu sucesso.
O resto é que vem do pleno direito de exercer seu conhecimento do e no jogo.
UM OVO, DOIS OVOS, TRÊS OVOS ASSIM
A Páscoa me lembra o dia em que eu fraturei o pé num jogo de playoffs na Itália e terminei minha temporada e minha atuação naquele time.
Depois disso tive que sair correndo atrás do prejuízo.
De qualquer maneira, esse fato me ensinou que tudo só dependeria de mim e que nada me viria a ser entregue de bandeja, como eu acreditava acontecer até aquele momento.
Páscoa é riqueza e felicidade e eu espero que todos nós tenhamos dentro de nós este espírito de constante progresso e luta contra nossas dificuldades.
Que tenhamos a consciência de que tudo vem de nós e que verdadeiramente somos nós que traçamos nosso próprio destino.