A primeira Assembleia Geral Ordinária da Confederação Brasileira de Basketball (CBB) sob o novo estatuto, com a participação de atletas, clubes e técnicos, foi realizada nesta segunda-feira (26 de março). Os 24 presentes, entre eles Oscar Schmidt, Paula Gonçalves, Marcel de Souza e Ricardo Guimarães (Cadum), decidiram, por unanimidade, o enquadramento do ex-presidente Carlos Nunes no ato de gestão temerária, com proibição imediata pelo prazo de 10 anos de ocupar e se eleger para qualquer cargo na CBB ou em suas afiliadas. Além disso, a assembleia deliberou que sejam tomadas as medidas judiciais cabíveis referentes a atos ilícitos de sua gestão.
A decisão foi tomada após a apresentação do relatório da auditoria contratada para revelar ao atual presidente Guy Peixoto Jr a real situação financeira da entidade e a dívida acumulada ao longo dos últimos anos. O trabalho realizado pela BDO Auditores revelou um passivo até dezembro de 2017 de R$ 38 milhões e uma série de irregularidades. “Desde que me tornei candidato disse que contrataria uma auditoria e assim fiz. Foi uma despesa minha porque a CBB não teria recursos para tal. Fiquei fortemente impressionado com a situação que a Confederação viveu nos últimos anos”, disse o presidente da CBB.
O relatório apresentado pelo secretário geral da CBB, Carlos Fontenele, apontou irregularidades diversas: a omissão frequente de valores no balanço; a assinatura de um só funcionário, contrariando o estatuto, confissões de dívidas sem a devida comprovação de serviços prestados, existência de um sistema extra contábil; contratos assinados apenas pelo presidente com data além de seu mandato e adiantamentos para empresas sem justificativas que provocavam ajustes para viabilizar o balanço.
As não conformidades realizadas vão além. Foram apontados ainda gastos em cartão de crédito corporativo, pagamento de cruzeiros, viagens e hospedagem de familiares do ex-presidente, saques com o cartão corporativo sem justificativa, além do pagamento de cartão de crédito de familiares.
O ex-jogador Cadum, um dos eleitos para representar os atletas na CBB, foi quem levantou a questão da punição ao ex-presidente. “Agora que ficou clara a conduta administrativa do ex-presidente, que culminou com a situação em que a CBB se encontra hoje, queria propor à Assembleia deliberar o enquadramento dele por gestão temerária”.
A Assembleia aprovou ainda o pedido da atual gestão de prorrogação de 40 dias para a prestação de contas do ano de 2017, em nova Assembleia, com agenda única. “O relatório da BDO apontou pontos relevantes de períodos anteriores que ainda passam por apuração. Isso impacta no balanço de 2017”, justificou Andre Simoes, da MCS Markup, empresa contratada para auditar o primeiro ano de gestão de Guy Peixoto Jr. “Na última reunião de trabalho a auditoria mostrou que não era possível emitir o parecer sem que fossem reabertos os números de 2016 para que sejam confrontadas as discrepâncias entre o balanço auditado e o relatório da BDO”, explicou Fontenelle.
Por fim, foram aprovados ajustes no estatuto para se adequar a novas conformidades da FIBA e do Ministério do Esporte. Os atletas deixaram à Assembleia certos de que é preciso participar e colaborar para a reestruturação do basquete. “Não podemos ver isso aqui como uma participação pontual. Temos que estar próximos. Nós somos responsáveis sim pelo que acontece na CBB, não podemos nos eximir e temos que olhar tudo com bastante atenção para não repetirmos os mesmos erros”, alertou Paula.